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2012 - Livro Vermelho 2013

Gongylanthus liebmannianus (Lindenb. & Gottsche) Steph. EN

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 06-08-2012

Criterio: B1ab(i,ii,iii)

Avaliador: Tainan Messina

Revisor: Miguel d'Avila de Moraes

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

No Brasil, tem distribuição restrita (EOO=547,75 km²), ocorre em Floresta Ombrófila e está sujeita a duas situações de ameaça consideradas a partir da ocorrência em unidades de conservação. Suas regiões de ocorrência sofrem com o declínio da qualidade do habitat e de sua extensão, decorrentes de ameaças como a urbanização, pastagem, atividades agrícolas e de queimadas provocadas.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Gongylanthus liebmannianus (Lindenb. & Gottsche) Steph.;

Família: Arnelliaceae

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Descrita originalmente na obra Species Hepaticarum 6:. 1906[1906].

Distribuição

A espécie não é endêmica do Brasil, apresentando padrão de distribuição Neotropical. Foi registrada em países como Costa Rica (Morales, 1991; Dauphin, 2005), Panamá (Stotler et al., 1998) e no norte dos Andes (Benavides et al., 2009). No Brasil, ocorre nos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Costa; Faria, 2008; Costa et al., 2012). Foi registrada em altitudes superiores a 2000 m (Serras de Itatiaia, dos Órgãos e do Caparaó) (Costa; Santos, 2009).

Ecologia

Planta terrícola, ocorrendo em Florestas Ombrófilas Densas (Costa et al., 2009), Florestas Alto-montanas (Santos, 2008) e Campos de Altitude (CNCFlora, 2011) associados ao domínio fitogeográfico Mata Atlântica (Costa et al., 2012).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Incidência national
Severidade high
Detalhes Segundo Hallinbäck; Hodgetts (2000), perda e degradação de habitat são as mais sérias ameaças às briófitas em todo o mundo. A degradação reduz a qualidade do habitat, causando o desaparecimento das espécies sensíveis; já a fragmentação conduz ao isolamento das comunidades de brióftas, visto que a dispersão e a reprodução são diretamente afetadas. Além disso, a fragmentação e destruição do habitat representam as maiores ameaças para espécies com distribuição restrita ou endêmica (Costa; Santos, 2009), como G. liebmannianus.

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Incidência local
Severidade high
Detalhes Rocha et al. (2003) destacam que, apesar dos remanescentes florestais do Rio de Janeiro estarem relativamente protegidos por unidades de conservação (SNUC), ainda estão sob forte pressão de degradação em seu entorno e área interna, devido ao desmatamento para pastagens e culturas, urbanização, favelização, fiscalização insuficiente das unidades de conservação, comércio ilegal de espécies da fauna e flora, retirada de madeira e introdução de espécies exóticas.

1.4.2 Human settlement
Incidência local
Severidade high
Detalhes A Serra de Itatiaia, uma das localidades onde a espécie ocorre no Brasil, concentra uma alta diversidade de espécies, alto número de táxons de hepáticas endêmicos e ameaçados, e onde a questão fundiária (propriedades privadas no interior do parque), pastagem e culturas mistas cíclicas e permanentes ainda constituem as maiores ameaças (Rocha et al., 2003).

1.4 Infrastructure development
Incidência local
Severidade medium
Detalhes O Parque Nacional da Serra dos Órgãos, considerado a segunda unidade em importância para a flora de hepáticas do Estado, tem como principais ameaças a presença da BR-116 cortando o parque, projetos de instalação de empreendimentos incompatíveis com a conservação da biodiversidade (gasodutos, estações de rádio e de telefonia móvel, etc.), moradias irregulares dentro e no entorno e produção rural em áreas não regularizadas (IBAMA, 2007).

1.7 Fire
Severidade high
Detalhes O fogo representa uma ameaça as espécies que ocorrem acima da cota de 1600 m de altitude no estado do Rio de Janeiro. Por exemplo, quase toda a extensão central do Parque Nacional do Itatiaia, uma das localidades onde G. liebmannianus ocorre, já foi queimada nos últimos 10 anos. Incêndios extensos também foram reportados para o Parque Nacional da Serra dos Órgãos e para o Parque Nacional do Caparaó, onde também há testemunhos deste táxon (Aximoff, 2011).

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: A espécie foi considerada "Vulnerável" (VU) em avaliação de risco de extinção empreendida para a flora do Estado do Espirito Santo (Simonelli; Fraga, 2007).

4.4 Protected areas
Situação: on going
Observações: As subpopulações de G. liebmannianus conhecidas no leste no Brasil (RJ, ES) se encontram protegidas pelas seguintes unidades de conservação (SNUC): Parque Nacional do Itatiaia, Parque Nacional da Serra dos Órgãos e Parque Nacional do Caparaó (Santos, 2008; Costa; Santos, 2009; CNCFlora, 2011).

4.4.3 Management
Situação: needed
Observações: Mesmo ocorrendo em unidades de conservação de proteção integral, estas ainda estão sob forte pressão de degradação em seu entorno e área interna, não garantindo a efetiva conservação da biodiversidade (Rocha et al., 2003).

3.2 Population numbers and range
Situação: needed
Observações: Há lacunas de conhecimento sobre a brioflora fluminense identificadas por Costa; Santos (2009), que estão sendo investigadas cientificamente a fim de se aprimorar o conhecimento de espécies como G. liebmannianus.

Referências

- BENAVIDES, J.C.; CRANDALL-STOTLER, B.; STOTLER, R. Morphological annotations of rare liveworts from Northern Andean Páramos, Proyecto Páramo Andino - Conservación de la diversidad en el Teho de los Andes, 2009.

- COSTA, D.P. ET AL. Briófitas - Musgos. In: STEHMANN, J.R. ET AL In Plantas da Floresta Atlântica. 2009.

- IBAMA. Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Plano de Manejo. Documento Síntese, 2007.

- SIMONELLI, M.; FRAGA, C. N. (ORG.). Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção no Estado do Espírito Santo. Vitória, ES: IPEMA, 2007. 144 p.

- COSTA, D.P.; PERALTA, D.F.; SANTOS, N.D. Hepáticas in in Lista de Espécies da Flora do Brasil, Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB097184>. Acesso em: 10 maio 2012.

- COSTA, D.P.; SANTOS, N.D. Conservação de hepáticas na Mata Atlântica do sudeste do Brasil: uma análise regional no estado do Rio de Janeiro. Acta Botânica Brasilica, v. 23, n. 04, p. 913-922, 2009.

- COSTA, D.P.; IMBASSAHY, C.A.A.; SILVA, V.P.A.V. Diversidade e importância das espécies de briófitas na conservação dos ecossistemas do estado do Rio de Janeiro. Rodriguésia, v. 56, n. 87, p. 13-49, 2005.

- STOTLER, R. ET AL. A Checklist of the Hepatics and Anthocerotes of Panamá. Tropical Bryology, v. 15, p. 167-195, 1998.

- DAUPHIN, G. Catalogue of Costa Rican Hepaticae and Anthocerotae. Tropical Bryology, v. 26, p. 141-218, 2005.

- COSTA, D.P.; FARIA, C.P. Conservation priorities for the bryophytes of Rio de Janeiro State, Brazil. Journal of Bryology, v. 30, p. 133-142, 2008.

- MORALES, M.I. Las Hepaticas comunicadas para Costa Rica. Tropical Bryology, v. 4, p. 25-57, 1991.

- NÍVEA DIAS DOS SANTOS. Hepáticas da Mata Atlântica do estado do Rio de Janeiro: diversidade, fitogeografia e conservação. Dissertação de Mestrado. : Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - Escola Nacional de Botânica Tropical, 2008.

- IBAMA. Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Plano de Manejo. Análise da Unidade de Conservação, Rio de Janeiro, p.117, 2007.

- ROCHA, C.F.D. ET AL. A biodiversidade nos grandes remanescentes ?orestais do estado do Rio de Janeiro e nas restingas da Mata Atlântica, RiMa, São Carlos, SP, 2003.

- HALLINGBÄCK, T.; HODGETTS, N. Mosses, liverworts & hornworts: a status survey and conservation action plan for bryophytes, Gland, IUCN, 2000.

- AXIMOFF, I. O que perdemos com a passagem do fogo pelos campos de altitude do estado do Rio de Janeiro. Biodiversidade Brasileira - Número Temático: Ecologia e Manejo de Fogo em Áreas Protegidas, v. 1, n. 2, p. 180-200, 2011.

- Base de Dados do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora). Disponivel em: <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/>. Acesso em: 2011.

Como citar

CNCFlora. Gongylanthus liebmannianus in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Gongylanthus liebmannianus>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 06/08/2012 - 14:03:07